Vais para a praia? O Patrick Bet David tem uma ideia diferente de como podes aproveitar o teu verão.
Para quem tem desejos de ser freelancer, há sempre um obstáculo diário chato de se ultrapassar - como é que posso ser produtiva trabalhando sozinha?
O debate sobre a produtividade, que se trabalharmos somos mais eficientes, começou no Erre no início do ano, com a questão da flexibilidade de horários.
Hoje ficamos a pensar: se estou a trabalhar mais horas, estou a produzir mais?
No ano passado, a Suécia anunciou que ia testar reduzir os horários de trabalho semanais para promover o equilíbrio entre a esfera pessoal e a profissional, de forma também a aumentar a produtividade.
Cá em Portugal, está estipulado as 40 horas semanas, com propostas para reduzir para 35 horas. Os horários de entrada e saída variam, com a média a ser entre 9h e as 18h. Contudo, a grande maioria das pessoas nunca sai à hora estabelecida, ficando sempre uns minutos ou até horas depois do trabalho.
Muitos dizem que ao trabalharmos mais horas, estamos a fazer mais, logo estamos a produzir mais. Mas para Alexandra Michel, as coisas podem não ser assim tão lineares.
Michel trabalhava na Goldman Sachs e é actualmente professora na Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos; no início deste ano, contou à Business Insider aquilo que descobriu:
Nos estudos que encontrei, vi que em pelo menos dois bancos de investimento de grande renome, os colaboradores estavam a trabalhar cerca de 120 horas por semana, o que dá 17 horas por dia, sete dias por semana.Esta rotina leva a que os colaboradores esqueçam-se da família e a da sua saúde. Pensava que isto poderia ser por pressão das chefias, mas as pessoas trabalham mais horas mesmo que os patrões não lhes digam nada - e estas pessoas sabem que trabalhar 16 ou 17 horas por dia não as vai tornar mais produtivas.Penso que os indivíduos que trabalham mais não por uma questão de obrigação ou de procura de conhecimento. Acho que eles o fazem porque não conseguem conceber outra realidade. Não faz sentido trabalhar tantas horas por dia mas também não percebem como fazer de outra maneira.
O jornalista que escreveu o artigo reforça esta ideia, dizendo que não faz sentido trabalhar muitos horas só para mostrar trabalho - parece ser tudo uma questão social em que as pessoas têm a percepção de que se estamos a trabalhar mais tempo, estamos a trabalhar mais e melhor.
Aqui há uma clara diferença: trabalhar e produzir.
Uma coisa é trabalharmos mais horas sem fazermos nada. Outra coisa é trabalharmos mais horas e produzirmos. Será que em muitos casos, estamos a ficar mais tempo no trabalho não porque temos muita coisa para fazer mas sim porque não estamos a conseguir arranjar uma forma de sermos mais produtivos? Como é que é concebido um horário de trabalho de 8 horas se um colaborador não consegue fazer o seu trabalho diário e mais importante nessas horas?
Das duas umas: ou se aumenta o horário de trabalho e pagam-se essas horas (não concordo pois é pouco produtivo e cá em Portugal as horas extras pagas parecem ser uma miragem); ou então reduz-se o trabalho de cada colaborador, contratando mais ou delegando mais.
O que não pode acontecer é continuar a ver pessoas a trabalhar mais e a produzirem o mesmo ou menos: aqui há gato e o mercado e as empresas têm de perceber o que é e como resolvê-lo.
O multitasking é sinónimo de eficiência...será?
A nossa era actual é uma era fundada na multiplicidade de competências técnicas em que uma pessoa não é profissional apenas numa competência mas em várias. Esses vários conhecimentos permitem a pessoa fazer várias coisas e várias coisas ao mesmo tempo, num método
Contudo, o multitasking pode ser eficiente mas não esconde a realidade, pois temos uma pessoa a fazer várias coisas e ao mesmo tempo, logo tem mais trabalho para fazer. A contínua atribuição de trabalho com um prazo de entrega curto leva ao multitasking agressivo, sem pausas para descansar, o que leva ao stress. Com o stress, o trabalho não é produtivo, o que gera mais stress, que tem um efeito negativo no profissional, que mal olha para uma pilha de papéis já teme o resultado final: afinal, trabalhar aquela pilha de papéis não vai significar produtividade mas sim horas infinitas no escritório, incumprimento de prazos, ansiedade e mais stress. Em resumo, significa fracos resultados, o que gera descontentamento e dá direito a um raspanete do patrão, o que leva ainda a mais stress!
Afinal, será que o multitasking é bom e leva a mais produtividade?
Alguns artigos, como este e este, debruçam-se sobre a temática e apoiam-se em estudos desenvolvidos em universidades americanas, explicando que o multitasking não está a produzir os resultados do passado. Se antes o multitasking fazia as empresas crescer, agora está a matá-las. A crise e os constantes despedimentos colectivos sobrecarregaram os profissionais que até podem despachar trabalho mas a qualidade do seu trabalho fica áquem do esperado e das suas reais potencialidades.
Como podemos reverter este efeito prejudicial e fomentar o profissionalismo?
As soluções para esta nova problemática são várias e ainda pouco exploradas: contratações de colaboradores, formação para a gestão do tempo, flexibilidade de horários, redefinição da estratégia de produção da empresa, redução da oferta de serviços. Independentemente da solução encontrada, esta deve passar pela focalização no que interessa realmente na empresa e não na quantidade de tarefas a serem realizadas. As empresas podem pensar que o mercado de trabalho é uma corrida dos 100 metros para a medalha de ouro mas as empresas mais bem sucedidas sabem que o crescimento é primeiro que tudo sustentabilidade, algo que o multitasking não é.
Lancemos então o debate: o multitasking é praticado na sua empresa? O multitasking é mais benéfico ou prejudicial para o seu trabalho?
O dia-a-dia de uma pessoa é simples: acordar, tomar banho, tomar o pequeno-almoço, ir para o trabalho, almoçar, sair do trabalho, ir para casa, jantar, ver televisão, lavar os dentes e ir dormir. Mais ou menos assim, é aquilo a que chamamos de rotina.
No mercado de trabalho, a rotina é entrar às 9h e sair às 18h, com uma secretária, um computador, um cubículo, um escritório, uma hora de almoço. Durante anos foi assim que o mercado de trabalho se desenvolveu, quando a agricultura e a indústria deram lugar ao mercado dos serviços e dos avanços tecnológicos. A força laboral era composta por pessoas com conhecimentos técnicos que desempenhavam funções simples e complexas de forma mecânica e rápida, de forma a aumentar a produtividade e diminuir os custos.
Contudo, a força laboral mais jovem - apelidada de millenials, pessoas nascidas entre 1980 e 1999 - está a mudar esta realidade. Não só são pessoas com conhecimento técnicos mas também pessoas criativas, com sensibilidade para a polivalência e para o desenvolvimento constante das soft-skills, capacidades essas tão namoradas pelas empresas por permitirem a um indivíduo adaptar-se a qualquer tarefa.
Mas para essas potencialidades se poderem desenvolver, tem de haver um ambiente que fomente esse desenvolvimento - e para os jovens um cubículo não é esse ambiente.
Tal como explicam vários artigos, incluindo este da Forbes, os jovens não funcionam com um 9-to-5, pois a criatividade não tem horas. O actual capital humano quer trabalhar mas não da maneira tradicional.
Para as empresas, a produtividade é criar mais quantidade num determinado espaço de tempo. Para os jovens, a produtividade é criar mais qualidade no tempo que permite a melhor produção. A produtividade é sinónimo de flexibilidade de horários, pois nem todos atingimos o nosso potencial máximo às horas que nos pedem. Uns trabalham melhor de manhã, outros melhor de tarde, outros melhor de madrugada, uns melhor acompanhados, uns melhor sozinhos, uns melhor no escritório, uns melhor no café, uns melhor no bar de praia. Enquanto que para as empresas o importante é que o trabalho seja feito, para os jovens o importante é que o trabalho esteja feito, independentemente da hora e local a que seja realizado - se o trabalho precisa de estar pronto naquele dia, o trabalho estará pronto.
Esta mentalidade dos jovens não é uma simples rebeldia contra o sistema ou um capricho de quem é preguiçoso. É uma tendência que deve ser vista como uma oportunidade para empresas poderem potenciar capital humano criativo, motivado e de excelência, que pode produzir os seus melhores resultados se formados num ambiente que lhes permita ter alguma flexibilidade de planeamento e execução de tarefas - por outras palavras, o mercado de trabalho está a mudar e as empresas devem acompanhar essa mudança.
Assim, se trabalha com jovens e quer obter o melhor trabalho que eles possam produzir, dê-lhes trabalho e flexibilidade: seguramente eles iram acabar o trabalho e os bons profissionais vão colocá-lo no patamar que deseja. Basta dar o melhor solo, água e luz, que a flor irá desabrochar.