NOS ALIVE: Um Avé à música

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A última vez que fui ao Nos Alive ainda se chamava Optimus Alive.
Os anos foram passando e eu não conseguia ir porque o passe dos três dias esgotava, ou porque estava a trabalhar, ou porque o cartaz não me chamava muito à atenção. E mesmo quando decidia ir, lá está, já estava esgotado.

Não sei se o Nos Alive está melhor ou pior. Está muito melhor em termos de cartaz, houve uma clara evolução. Nota-se o esforço que se fez desde o princípio em trazer grandes nomes a nível mundial que dificilmente poderiam vir a Portugal. Sei que temos o Rock In Rio para grandes nomes, mas claramente que o Parque da Bela Vista não é a praia de Pearl Jam, Depeche Mode, Foo Fighters, Radiohead, The Prodigy, Arcade Fire, Arctic Monkeys, Muse ou Kings of Leon.

Há mais de dez anos atrás, o Super Bock Super Rock já existia mas acho que havia espaço para um festival de música que trouxesse os nomes clássicos a Lisboa e que também tivesse atento às tendências que estavam a aparecer. The Kills, Jake Bugg, James Bay, Crystal Fighters, Biffy Clyro, Vampire Weekend, Metronomy são artistas mais pequenos mas que levam a música a sério. Só não tinham era a dimensão suficiente ou a guitarrada suficientemente apurada para aperecer no Super Rock. E aí apareceu o Optimus Alive, que se estreou logo a trazer Pearl Jam ao Passeio Marítimo de Algés.

Fui três vezes ao antigo Optimus Alive e o ambiente que se vivia era de avé à música. Havia um espaço para procurar brindes, ver bons concertos, e comer até fartar. Mas o que se sentia era um ambiente de amantes da música. Não da música dos beats. Da música das guitarras e das baterias. Fãs das baterias e das guitarras eléctricas a rasgar pela noite. Fãs das guitarras acústicas inspirada no folk que trazia letras familiares. Fãs de beats com sabor a África com ritmos criativos.

Nos últimos anos que não estive no Passeio Marítimo de Algés e senti que esse ambiente deu lugar a um ambiente mais jovem, mais popularizado. Quando entrei no recinto na sexta-feira à noite, havia ecrãs digitais, referências a redes sociais, uma rua de marcas com jogos e brindes, uma fila de pessoas a tirar fotos em pose para postar nas redes sociais.

Começo a achar que o Nos Alive é o festival mais IN da cidade. Quase tudo o que vi era jovens que nem estavam na faculdade mas estavam lá porque ir ao Nos Alive é um dos programas mais IN do Verão - no meu tempo, ser popular era ir ao Sudoeste ou fazer férias no Brasil, mas isso já é outro tema.
Continuo a ver amantes da música que vão lá especificamente num dia para verem a banda do seu coração, que ouvem há séculos e que adoram. Mas vejo muito mais pessoas que só lá estão porque o artista que nem um ano de rádio tem já lá está no palco principal. Vejo muitas pessoas que só lá estão porque é o que a malta faz, a viver o festival das marcas em vez do festival da música.

Na sexta-feira à noite cumpri o meu aguardado desejo de ver Foo Fighters. Eles vieram cá duas vezes e eu não pude ir nas duas vezes. Estive seis anos à espera mas desta vez náo ia deixar escapar a oportunidade. Vivi o momento como o grande concerto que foi e aproveitei o espaço para poder ouvir a música de que gosto. Podia ter levado para casa um chapéu ou uma mochila, mas fui com o intuito de ser brand-free, porque as marcas ajudam a que o festival aconteça e todas as iniciativas que ajudam no bem-estar das pessoas são boas, mas não sei o quão perto estamos de tudo isto se tornar um centro comercial com música ao vivo.

Na sexta-feira à noite entrei no recinto, bebi uma Strongbow, fui à casa de banho, meti-me a ver The Kills, esperei pelos Foo Fighters e pelas 2h30 da manhã segui com a manada de pessoas que saiam de Algés àquela hora. Muitas outras pessoas ficaram para ver outros concertos mas era notório que todos ali tínhamos ido para o mesmo, ver aquela fantástica banda ao vivo.

Possivelmente seríamos todos amantes das guitarras? Não posso falar por todos, mas sei que quem esteve lá a viver a música deve  ter saído como eu saí - com o peito cheio, com um sorriso nos lábios e com a certeza de que a música é umas das melhores coisas da vida, e que vivê-la com quem realmente gostamos, é uma das melhores experiências do mundo.

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2 comentários

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    1. Foi fantástico, mesmo! Passo os dias todos a ouvir as músicas e a gostar ainda mais da banda. Esperei muito tempo para vê-los, mas fui no concerto certo!

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