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Ocupada ou produtiva?

by - 12:29

Nos últimos seis meses, o meu calendário parece um teatro de guerra. Almoços de negócios, cafés, beber copos, jantares e todo o tipo de eventos de networking preenchem a minha semana de trabalho: eu tenho apenas duas horas livres por dia, excepto sexta-feira à noite, que reservo para ver séries e dormir. Aos fins-de-semana estou tão ocupado que eu tento não marcar nada para me actualizar com o meu trabalho de freelancer, cuidar da minha sanidade e ver a minha série preferida. Quando os meus amigos me perguntam a um domingo ou a uma segunda "bora beber um copo esta semana?", digo-lhes sempre que podemos ir beber um copo daí a duas, três semanas. E isto não é um questão de eu ser popular, é uma questão de que muitas vezes quero fazer tudo ao mesmo tempo mas não consigo.

Esta sensação é descrita por Kelsey Manning, neste artigo que li recentemente no Levo.

Muito já tenho pensado sobre a diferença entre estar ocupada ou estar realmente a fazer algo que contribua para o meu futuro. Muitas vezes vivemos a vida ocupados, a andar de um lado para outro, a trabalhar, a levar os filhos à escola, a estar com os amigos, a escrever um livro, a arrumar a casa. Mas será que a maioria de nós já parou para pensar se realmente está a fazer algo de produtivo? Algo que nos deixa felizes? Algo que realmente traga valor acrescentado para a nossa vida? Algum hábito que nos faça crescer como pessoas, como seres humanos?

De facto, a nossa vida é um verdadeiro multitasking de tarefas e funções em que queremos fazer tudo ao mesmo tempo mas depois acabamos por não fazer tudo, ou nem metade, ou quando fazemos pode nem ser bem feito. E mesmo quando não estamos a conseguir fazer tudo, porque continuamos a encher a agenda com mais e mais compromissos, apenas a fazer pouco e a sentirmo-nos cansados?

A única diferença de sermos ocupados ou sermos produtivos está nas prioridades. Ser produtivo é fazermos aquilo a que nos predispostos a fazer, e não é só fazer por fazer. É muito mais produtivo gastar 30 minutos a fazer o jantar, se isso for realmente importante para mim, do que ler algo durante duas horas que não me interessa. Estamos demasiado focados em fazer um número de coisas que nem chegamos a pensar se alguma dela contribui para a nossa vida.

Para quê ir a três restaurantes por semana se eu não me interesso por conhecer locais novos? Para que estar com cinquenta pessoas diferentes se não me interesso por nenhuma? Para quê ir a determinados eventos só porque toda a gente que conhecemos vai? Talvez seja mais produtivo ficar em casa a ver séries se elas nos deixam felizes e a pensar sobre histórias e personagens. Talvez seja mais produtivo arrumar a casa se sentimos que trabalhamos melhor assim. Talvez seja mais produtivo ficar uma sexta-feira à noite a actualizar o blogue porque isso faz com que tenhamos mais tempo para outras coisas.
O que é produtivo para uns pode não ser para outros e isso faz toda a diferença. E a única forma de sermos produtivos é encontrarmos aquilo que nos faz feliz e deixarmos de fazer as coisas de que não gostamos.

No fundo, estar ocupado é fazer coisas por fazer e ser produtivo é fazer coisas que nos interessam. E eu já escolhi ser produtiva - e assim estou muito menos ocupada.

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