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Saldos: a primeira vez que comprei tudo, sem consumismos

by - 08:59

A época dos saldos depois do Natal é sempre um fenómeno interessante.


Depois de gastarmos rios de dinheiro em prendas, aproveitamos os últimos cartuchos do ano para comprarmos prendas para nós, essencialmente roupa, sapatos, malas e tecnologia.

Para quem já anda nestas lides de poupar/gastar nos saldos, já sabe que é preciso fazer uma lista, cumprir um orçamento, ir logo nos primeiros dias, comprar e não pensar mais sobre o assunto.

A verdade é que não sei quem é que está realmente preparado para os saldos. Vamos sempre com a lista toda apontada mas acabamos por comprar uma coisa que está na lista e o resto é o que veio à rede naquelas tardes (sim, plural, ir uma vez aos saldos e comprar tudo é milagre!) e muitos desses produtos são usados apenas uma vez - e lá aparece a culpa dos saldos.

A história da carochinha que todos conhecemos não se passou este ano. Repito, eu NÃO caí nessa armadilha porque tive o enorme orgulho de despachar os meus saldos AINDA EM JANEIRO!

Passo a explicar: já tinha a minha lista mental e já sabia exactamente que casaco queria, que botas ia comprar, o que precisava mesmo de substituir no meu armário.

Assim logo no dia 26 de dezembro (sim, logo após o Natal), despachei a roupa interior. Dois dias depois, quando os saldos abriram, entrei na loja que queria, experimentei o casaco e fiquei 10 minutos na fila à espera de pagar. Na semana seguinte, logo na segunda-feira depois do trabalho, despachei as botas e a compra dos ténis ficou para quarta-feira, em compras online.

Com dias mais ou menos planeados ou totalmente aproveitando a oportunidade de ter tempo, fui direta ao assunto: não vi as camisolas de gola alta básicas, não pensei nas leggins que queria substituir, não vi mais um casaco de inverno que até dava jeito, não peguei num blazer e experimentei, não vi um par de botas de camurça e pensei em experimentar porque estavam a metade do preço.
Este ano, com os objetivos de ser menos consumista e ter apenas aquilo de que preciso, a época de saldos foi um orgulho gigante, porque comprei exactamente aquilo que queria. Mentira, comprei uma mala e um par de sapatos a mais, mas estavam realmente a um bom preço e vão durar nos próximos anos, como substitutos das coisas que utilizo no meu dia-a-dia.

Este ano estou feliz e contente e orgulhosa porque os saldos não foram o pesadelo que são. E acho que apenas são um pesadelo porque as pessoas não percebem realmente o que são os saldos, porque os saldos não servem para comprar coisas novas.

Os saldos servem para comprar as peças que nós já usamos rotineiramente. Os saldos servem para actualizar o armário com peças que já utilizamos mas precisamos de substituir porque já estão gastas. Os saldos servem para investir em peças básicas e por isso versáteis que poderemos usar durante largos anos. Os saldos servem para compras as peças de qualidade por um preço mais reduzido.

Os saldos são a oportunidade não para fazermos compras mas sim para fazermos investimentos, no nosso guarda-roupa, nos aparelhos que utilizamos, nas experiências e coisas que nos rodeiam e compõe a nossa vida. Os saldos não são, nem devem ser, um momento de gastar dinheiro. Os saldos devem ser um momento em que podemos fazer bons investimentos com um preço mais baixo, por isso há que haver estratégia e não consumo por consumo.

Os saldos existem para nos ajudar a ter o que queremos por um preço mais baixo - por isso nada de desesperar e fazer compras à maluca. Todos os dias temos de consumir, mas quem controla esse consumo somos nós, e não as marcas, as tendências e os "tudo a 10 euros".

Os saldos regressam no Verão e eu já estou a pensar no que poderei investir para ter mais um verão e um ano com coisas que ajudam a minha existência e o meu trabalho - after all, nós é que usamos a roupa, não é ela que nos usa.

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